[RESENHA]: Dias Perfeitos - Raphael Montes

Olá, pessoal!

Tudo bem?! Espero que sim!

Aviso rápido: o resultado do Top Comentarista de Junho será publicado amanhã!! Fiz a contagem hoje pelo excel mas no momento de salvar, minha inteligência clicou no botão de NÃO SALVAR e tudo se foi. :( 

Companhia das Letras - SKOOB

Quem me conhece sabe que sou fã de thriller psicológico, protagonistas com tendência a desvios comportamentais e livros nacionais. No entanto, reunir essas três características num único livro é coisa para poucos. E essa tarefa foi realizada com maestria pelo jovem escritor brasileiro, Raphael Montes. Elogiado pela crítica nacional e internacional, Raphael lança seu segundo livro, Dias Perfeitos, pela Companhia das Letras e com esse livro, ganha mais um fã, o blogueiro que vos escreve! 

Dias Perfeitos nos apresenta o jovem estudante de medicina, Teodoro, ou simplesmente, Téo; um cara solitário, indiferente, doentio, obsessivo, psicopata, ardiloso e que nutre amizade apenas com o cadáver de Gertrudes. Téo leva uma vida medíocre e sem emoções que corroboram a formação dessa personalidade maquiavélica e dissimulada. O que mais me chamou a atenção em Téo, é sua capacidade de observação e sua esperteza. Ele é assustador em todos os sentidos. Sua frieza milimetricamente calculada é absurda e choca o leitor. 

Esse cara solitário se depara com Clarice, uma jovem que preenche todos os requisitos para ser seu oposto. Extrovertida, alegre, com muitos amigos, tranquila e desinibida, Clarice logo passa a ocupar todo o coração de Téo. E todas as emoções e ações dele se refletem na moça. Ele começa uma perseguição obsessiva e doentia e começa a criar situações na qual, o amor que ele devota a ela é reciproco. Ele fantasia uma vida a dois e se torna uma compulsão insensata e aterradora.

Clarice estuda história da arte e mantém um roteiro chamado Dias Perfeitos, no qual três amigas viajam por Teresópolis, Ilha Grande e Paraty. Quando Clarice se nega a dar uma chance a Téo, ele age como um verdadeiro psicopata e friamente a sequestra, levando-a para Teresópolis para que ela termine seu roteiro e tenha uma oportunidade de conviver com ele e assim desenvolver sentimentos amorosos para com ele. No entanto, meus caros, se você quer conquistar uma garota NÃO A SEQUESTRE! #FikaDika. rs

Téo é muito psicopata e eu não tenho como descrever as atrocidades que ele comete porque cada uma é uma bomba! A cada nova situação criada pelo Raphael, eu tinha mais medo do Téo. É incrível como alguns personagens perturbadores conseguem nos deixar de cabelo em pé. O mais interessante nisso tudo é a dualidade da situação. Téo sequestra, tortura, humilha, prende e não enxerga que está fazendo isso. Para ele, todas essas atitudes são para o bem de Clarice e para que ela veja que ele é o homem certo para ela. 

Ele é um personagem muito bem construído e ardilosamente moldado. Por ser estudante de medicina e aparentemente ser um jovem com caráter, responsável e de boas intenções, todas as especulações sobre o fato são desviadas por ele. Téo consegue planejar e premeditar todas as situações para que se justifique seus atos e assim ele não seja culpado. Ele possui o poder da persuasão e do convencimento, aniquilando quaisquer suspeitas. 

Depois de Teresópolis, eles partem para Ilha Grande e Paraty, no Rio de Janeiro para descrever a viagem, assim como no roteiro. Em cada cidade há novas situações conflitantes, diálogos ágeis e provas de que Téo é doente e precisa de tratamento. O livro é centralizado no Téo, e é até um pouco narcisista como tudo gira em torno dele e como ele se isenta de qualquer situação. Sabe a impunidade, pois é, ela dá o ar da graça nesse livro e isso me revoltou fervorosamente. 

O único ponto negativo da obra se restringe ao final do livro. Durante toda a narrativa eu me perguntei como aquela história se resolveria e não conseguia imaginar o que sairia da cabeça do Raphael Montes, porém o final não me agradou, particularmente! Eu esperei que a justiça fosse ser feita, mas tudo acabou em pizza. Revoltante sim. Vi que muitas pessoas amaram o Téo, mas eu só consigo ter ódio (e medo) dele! 

A narrativa do Raphael Montes é sagaz e tensa! Suas cenas são sempre regadas de nervosismo e tensão. Evidencio a engenhosidade do autor em criar justificativas psicológicas que explicassem todos os atos do Téo.  Às vezes, ele martela tanto na tecla que justifica o ato (ainda que seja absurdo ou uma mentira bem criada) que nós, leitores, começamos a acreditar nele! É perturbador como até nós, espectadores, somos envolvidos por aquela camada de loucura.

Alguns detalhes são irônicos e marcam a singularidade da narrativa do Raphael, por exemplo, após ler esse livro, garanto que você nunca mais enxergará o nome Gertrudes com normalidade e jamais olhará para uma mala Samsonite rosa com naturalidade! São as cicatrizes de uma obra que marca enquanto assusta. 

O livro foi cortesia da editora Companhia das Letras. Fico muito grato por terem me presenteado com essa história maravilhosa e claro que recomendo a leitura! Tenho certeza que algumas amigas blogueiras, como a Lizi, a Dih, a Taty e a Bia vão amar esse livro e tem minha avaliação super positiva!
Esse livro nos traz a certeza de como nossa literatura é perfeita, de como nosso terreno é fértil e de como nossos autores merecem ser valorizados.

Espero que tenham gostado! :)