[RESENHA]: Sangue - K. J. Wignall

Olá, pessoal, 

Tudo bem?! Espero que sim!

Eu volteeeeei, meus caros!! E agora pra ficar (desculpa, não consegui conter o clichê) E aí, como estão vivendo o pós-Enem? Conseguiram realizar uma boa prova? Essa prova é sempre um percalço "miserável" no nosso caminho. Pouco do que se estuda, será cobrado na prova e algumas vezes, mais vale chutar certo do que perder 10 minutos para responder uma única questão. Porém, chega de Enem por ora. Logo mais ele voltará à tona!

Hoje, quero lhes apresentar a resenha de um livro sobrenatural bem peculiar que li recentemente! Vamos lá: 

Ultimamente eu estou vivendo um período de intensa saturação dos sobrenaturais. Livros com essas abordagens não estão me atraindo como outrora, salvo algumas raras exceções. Quando vi Sangue pela primeira vez, me apaixonei perdidamente por essa capa e não encontrei na premissa um grau de inovação que me instigasse a ler. 

No entanto, eis que em um dia bem chatinho e decepcionante, quando cheguei de viagem, encontro um pacote surpresa do Grupo Editorial Record. Abro e encontro um kit maravilhoso do livro Sangue: vida, morte e destino, escrito pelo belga K. J. Wignall e publicado nacionalmente pelo selo Bertrand Brasil. Confessei com a Mari (a responsável pelas parcerias da record) que esse presente carinhoso havia chegado na hora certa para animar meu dia. *-*

Sangue consistiu numa leitura agradabilíssima e surpreendente. Pensei que encontraria uma estória clássica (nos moldes de vampiros atuais), com um triângulo amoroso e uma pitada de drama adolescente. Imaginem a minha surpresa, quando ao fim da leitura não encontrei nenhum desses pontos esperados (ainda bem!). 

A obra acompanha a morte e sobrevida (leia-se imortalidade) do jovem William, ou Will, um rapaz nobre de 16 anos que teria seu futuro traçado a ser Conde de Mércia, se não tivesse sido acometido por uma infeliz enfermidade. Morto e enterrado no ano de 1256, Will mostra que sua doença não o matou de fato, mas o condenou a uma existência fadada a viver nas sombras da solidão, enquanto busca respostas que expliquem sua condição. 

"Não me lembro de ter sido mordido. Queria me lembrar para que pudesse visualizar o rosto da criatura que fez isso comigo e, assim dar um propósito a minha existência: o de procurá-la para retribuir o presente envenenado que recebi." (p.8)

K. J. Wignall nos presenteia com um vampiro maduro, ainda que adolescente, imortal e que foge as atuais concepções de vampiro. Temos uma abordagem de um vampiro sombrio, pálido, que venera as sombras e a solidão, que tem instintos de animal e se alimenta de humanos. Um vampiro que hiberna na sua cripta por longos períodos de tempo e que é sensível a luz. Confesso que essa visão do sobrenatural me agrada mais, do que vampiros que brilham ao sol ou que tem anéis protetores. 

"Não gosto do nome 'vampiro' - soa tão melodramático, tão fantasioso. Já faz tempo que prefiro usar o termo 'morto-vivo', pois essa é a forma como me vejo há pelo menos duzentos anos. Não é isso mesmo que sou? Fui tratado como morto, enterrado, e minha morte foi registrada - no entanto, aqui estou, ainda vivo, congelado no tempo." (p.34)

Will viveu por mais de oito séculos em busca de respostas que justificassem sua atual situação; ele vaga pelo mundo entre uma hibernação e outra de modo sombrio, buscando compreender o mundo e a época em que se encontra. Essa vida de solidão contribui para entendermos porque ele devota tanta confiança em Eloise, logo que a conhece, chegando ao ápice de contá-la seu maior segredo sem o medo de ser repudiado ou temido. 

Logo que ressurge no mundo atual, Will se vê confrontado por uma atmosfera diferente das suas outras estadias. Ele tem conhecimento de novos fatos que direcionam-se e convergem para um ponto em comum: uma profecia que lhe explicará seu destino e o porquê dele ter sido transformado nessa criatura das trevas. Nesse momento vemos o anseio de um personagem na busca por respostas de séculos, ou seja, qual o propósito de sua vida? Somente se alimentar de humanos e dormir por anos? Haveria algo mais que ele estaria destinado a fazer? 

É nesse clima de compreender profecias e formar alianças, que Will percebe a importância de ter encontrado Eloise justamente naquele momento em que ele acordou. Em nenhuma outra época, fatos inexplicáveis começaram a rondá-lo. O livro aborda a questão do destino. Eles estavam predestinados a se conhecerem para que juntos pudessem enfrentar os males que atingem a existência de Will. Vejam que na capa as iniciais de Eloise (E) e Will (W) estão estampadas e serão importantes em algum momento da trama.

Eloise é o clássico estereótipo de garota rebelde, corajosa, inconsequentemente, destemida e forte que não se sente intimidada e nem foge diante do perigo e por causa desse espírito aventureiro e quem sabe devido ao destino, embarca com Will nessa jornada. Eles protagonizam cenas que levam a crer numa possibilidade de romance mais adiante, porém o impasse reside na natureza e instinto do Will em se alimentar de Eloise, haja vista que vampiro necessita do líquido purpúreo vital humano.

Sangue aborda um pouco da história de Will, em meados do século XIII, e toca no tema da caça as bruxas, a peste negra que assolou a Europa e laços de honra e realeza, uma vez que o jovem é de origem nobre e por conta disso, consiste num personagem bem trabalhado, polido e lapidado. A trama é narrada em terceira pessoa, ou seja pelo narrador observador e em alguns capítulos, encontramos narrações do Will que nos possibilitam visões pessoais e assim compreender o que se passa na cabeça dele.

A obra é ágil, habilidosa, intrigante, com suspense e elegância A escrita do autor é sombria, a capa é sombria, o personagem é sombrio e a ambientação é sombria (tudo é sombrio). Entendam que uso o termo sombrio e não macabro. Não encontramos massacres sanguinários ou rituais de invocação a forças das trevas. Os diálogos são envolventes e o K. J. Wignall conseguiu me cativar com sua trama. Além disso, ele escreve com sutileza e elegância criando uma estória de um morto-vivo com sangue nobre digna de ser batizada como semelhante a obra de Bram Stocker, Conde Drácula.

O livro é o primeiro volume de uma trilogia chamada O Vampiro de Mércia e já teve os exemplares dois e três publicados internacionalmente. Deixo as capas e títulos que retirei do Goodreads, para vocês. Acho todas as capas lindíssimas. Esse tom de vermelho contrasta perfeitamente com o preto e os símbolos prateados.

Espero que a Bertrand Brasil publique a continuação logo porque o livro se finda num momento em que uma revelação nos é dada e por conta disso, o leitor que se envolveu na trama fica sedento pela continuação. 

SANGUE - ALQUIMIA - MORTE

Recomendo para leitores que gostem do gênero sobrenatural e estórias ágeis. E claro que valorizem a criação do vampiro gótico e clássico, como o memorável Conde Drácula. <3

 "Por mais estranho que pareça, e qualquer que seja o destino que me aguarde, todos nós temos a mesma essência. Eu sou uma parte sua, e você é uma parte minha. Somos sangue, você e eu. Nós somos sangue." (p.213)

AVALIAÇÃO GERAL: 

Espero que tenham gostado e não deixem de comentar sobre o que acharam!