Olá, pessoal!
Tudo bem?!
Para quem acompanhou o blog nos últimos dias, eu criei uma nova coluna chamada Salada Literária (se não sabe do que se trata, visite este link). Hoje, estarei publicando o penúltimo texto da primeira edição da coluna e por isso, quero medir a receptividade de vocês e verificar se há interesse numa segunda edição e em caso positivo, comentem!
Por sorteio, foi definido que a Sálvia Haddad será o terceira a participar da coluna.
E vocês podem conferir as saladas anteriores:
Confiram quais foram seus ingredientes:
- SALADA:
- Gênero? Infantil;
- Quem? Babá brava e ríspida, criança que sofre bullying na escola e professora amável e cadeirante;
- Quando? Quarta-feira ensolarada de 2012;
- Onde? Bairro humilde de São Paulo;
- Como? A critério do autor
- Por quê? A critério do autor
- Objetos especiais: Bombom de chocolate, bexigas, panfleto de loja de R$1,99 e sabão em pó
Informações importantes:
* Podem ser acrescidos novos personagens, desde que esses estejam inclusos.
* Os objetos especiais DEVEM estar na história e a finalidade dele é critério do autor, assim como o porquê e o como.
A partir de agora, leiam esse maravilhoso conto e aproveitem dessa escrita tão sensível.
Resenha de Mel e Fel: retalhos da vida |
Na
Penha é assim. Escreveu, não leu,
pau comeu! Cresci sabendo que precisava me cuidar porque ser um menino preto e
pobre complica a vida de qualquer um. Além de estudar, ainda ajudava em casa.
Eu
e Doraci, os mais velhos, fazíamos de tudo. E lá mamãe não dava moleza. Se a
coisa apertava, lá vinha ela com a caixa de sabão em pó na mão me apontando o tanque. Uma pilha de roupa para
lavar. Doraci também passava todo seu tempo depois da escola ajudando nos
afazeres de casa. Família pobre.
Estudávamos
em colégio de rico por conta de uma bolsa de estudos que minha mãe havia
conseguido. Mulher simples e sofrida, nunca teve nada. Aquela bolsa de estudos
era o que de mais precioso minha mãe havia ganho na vida: uma joia.
Todos
na escola tinham uma realidade bem diferente da nossa e ser apontado como o
menino negro e pobre era recorrente. No início, pensei em reagir, mas eles eram
maioria. E se eu perdesse a bolsa? Depois, pensei em falar à minha mãe, mas ela
já herdara problemas demais depois da morte de meu pai. Então resolvi me
acostumar. E acostumei. Eu era a criança
que sofria bullying na escola. E ponto.
Quando
a coisa apertava, Doraci e Manoel me consolavam. Manoel era meu melhor amigo.
Vizinho de longa data, tinha um sonho de ir estudar naquela escola. Mas a vida
não lhe deu esta oportunidade. Resolveu realizar seu sonho através da minha
experiência: queria saber de tudo que acontecia por lá, quem eram os
professores, que dia as provas seriam aplicadas, se estava indo bem e se já
havia levado bombom de chocolate
para aquela professora de matemática que
andava de cadeiras de roda. Ela era a mais amável de todos.
A
verdade era que só podia levar o tal bombom de chocolate quando D. Terezinha,
mãe de Manoel, me dava alguns. Doceira de mão cheia, sustentou os filhos
fazendo doces para fora. De vez em quando, me dava alguns que haviam sobrado, e
eles já tinham destino certo: professora Rita.
Eu
e Doraci pouco falávamos, mas muito observávamos. Apesar da pobreza, era fácil
sentir-se amado com todo cuidado que minha mãe nos dispensava. Já outros na
escola, apesar de ricos, não tinham a mesma sorte.
Lembro
de uma quarta-feira ensolarada,
melhor dia da escola porque tínhamos aula de educação física, chegava na escola
saltitante quando avistei uma babá brava
e ríspida a soltar despautérios a um menino de 5 anos. Os pais não estavam
lá e o menino apenas deixava as lágrimas caírem. Tão rico ele era, tão pobre
também. Aquele foi um dia em que agradeci por não ser rico.
Histórias
que eu e minha irmã compartilhamos nesta escola que, para nós, mais parecia um
outro planeta. Enquanto nossos colegas desfilavam com mochilas e cadernos de
última linha, nós corríamos a desamarrotar panfletos
de lojas de 1,99 reais, jogados nas ruas, buscando as tais lojas
promocionais para ver quantos lápis compraríamos com aquele trocado que mamãe
nos dera.
Uma
vez, não compramos o material de que precisávamos. Decidimos, sorrateiramente,
comprar bexigas. Aquele dia seria
nosso feriado secreto. Então faltamos aula e corremos para um córrego perto de
casa. Enchemos as bexigas de águas e prontamente iniciamos uma guerra de
bexigas. Aquela foi uma tarde memorável.
Mesmo
com poucos recursos e sendo obrigados a conviver todos os dias com o que não
tínhamos, nossa infância foi repleta de pequenas alegrias e simples
realizações. Nada de grandioso. Mas tudo muito cheio de significados.
E aí, pessoal, o que acharam? Eu amei. Pude inferir como uma das características mais marcantes da escrita da Sálvia, é conseguir transpor emoção e reflexão em seus escritos. Tudo é muito singelo e carregado de significado! Comentem com a opinião de vocês e semana que vem, dia 09 de dezembro, publicarei a última salada e me despedirei da primeira edição do Salada Literária!
Que legal a coluna que foi criada, kkkkkkk adorei os objetos criados, ficou bem divertido, ainda mais a parte "lá vinha ela com a caixa de sabão em pó".
ResponderExcluirÉ meio que também uma forma de estimular ainda mais a criatividade, mesmo os autores tendo bastante. As anteriores ficaram ótimas também.
Abraços Adriano,
ThayQ.
Oooi,
ResponderExcluirAAAAH eu adooooorei!
Desde quando você divulgou achei um maximo.
Não conhecia a autora e adorei a criatividade dela com a história!
Beijinhos,
www.entrechocolatesemusicas.com
Olá Adriano,
ResponderExcluiradorei essa coluna! A escritora Sálvia Haddad tem muita criatividade, não achei que ela fosse conseguir escrever algo tão bom, mas conseguiu. E como você disse, ela ainda conseguiu colocar reflexão e dar um significado ao texto. Pobres que são ricos, e ricos que são pobres, realidade hoje em dia né?!
Abraços, oquevi-oqueli.blogspot.com
Geeeente, que ideia legal, eu nunca tinha visto nada parecido e ficou perfeito. Vocês são muito criativos. Amei a historia
ResponderExcluirAinda não tinha acompanhado essa sua coluna, mas adorei; muito legal mesmo. O texto da autora realmente ficou muito bom, mesmo com esses ingredientes "inusitados". E gostei mais ainda da reflexão que ela conseguiu trazer, mesmo em um texto tão curtinho.
ResponderExcluirM&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de dezembro
Olá, Adriano! Adorei a ideia da coluna e a escrita da Sálvia. Parecia que eu estava vendo tudo, como um filme. Além disso, ela também conseguiu passar bastante emoção. Já estou curiosa pelo próximo Salada Literária :)
ResponderExcluirOi, Adriano, ao ler os itens que a história deveria conter, imaginei algo muito clichê, mas a Sálvia foi autêntica e fugiu da tradicional história que eu imaginei... Gostei da doçura que a narrativa possui, em forma de crônica aconchegante. Gostei mais ainda de mostrar o ponto de vista infantil. Gostaria de saber mais do relacionamento do protagonista com a professora cadeirante. Olha, daria até origem a mais crônicas agradáveis como essa! Adorei. Beijos.
ResponderExcluirOi, Adriano.
ResponderExcluirEu adorei a ideia do Salada Literária - ainda não conhecia. Acho que você deve sim fazer uma segunda edição, ou quem sabe optar para deixar como um post fixo do blog (a cada duas semanas).
Você escreve super bem e durante a leitura do conto eu meio que me senti sendo o personagem, e isso já ficou para trás em livros que li.
Beijos.
Blog Cantar Em Verso
Ola Adriano essas saladas ficam muitos bacanas , os textos maravilhosos , a ideia genial. Parabéns ao autor pelo texto adorei Já pode sair um livro dessa salada . Pense nisso. abraços
ResponderExcluirJoyce
www.livrosencantos.com
Adorei a ideia da coluna e principalmente da criatividade do texto. Não sei se conseguiria algo tão bom assim.
ResponderExcluirBjs, Rose
Oi Adriano, tudo bem
ResponderExcluirEu li o que você escolheu como critérios e imaginei uma história totalmente diferente. A autora me surpreendeu com um texto alegre, com uma criança que valoriza o que tem de maior valor e que não se revoltou com o ambiente em que estuda. Eu pensei que iria encontrar algo mais dramático. Gostei muito da mensagem positiva que a autora deu. Parabéns pelo texto.
Sabe que adorei essa coluna, a achei super criativa, inovadora, nunca nenhum blog fez nada parecido. Por isso, ficarei esperando a segunda edição.
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Antes que eu me esqueça: sim, eu adoraria uma segunda edição!! =)
ResponderExcluirQuanto ao texto, também amei, realmente bem singelo e repleto de significados. Adorei a forma com que ela inseriu a babá na história, dando toda uma outra dimensão à vida dos protagonistas.
Beijo!
Ju
Entre Palcos e Livros
Olá, não conhecia a autora, mas pelo conto eu já gostei da sua forma de escrever e narrar os fatos *--* Consegui colocar todos os elementos sem parecer uma historia forçada.
ResponderExcluirVisite o blog "Meu Mundo, Meu Estilo"
Adriano adorei essa coluna! Super diferente de tudo que eu ja vi em blogs, gostei de verdade mesmo. Adorei o texto da Sálvia também, um texto tão curto e ela conseguiu passar muita emoção e reflexão. Parabéns a autora.
ResponderExcluirNossa, que texto! Ótima ideia esta coluna e o desafio foi muito bem cumprido pela Sálvia... Parabéns a ela.
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirAdorei a coluna e adorei o texto que me fez viajar para a década de 70, quando eu tinha que ir à escola, fazer meus deveres escolares e ajudar em casa junto com minhas irmãs. Mas, o legal era ajudar minha mãe a lavar roupa em uma mina d'agua e depois fazíamos guerra de água, uma deliciosa brincadeira infantil.
Obrigada por me fazer pensar em como tive uma infância feliz, apesar de ter que assumir algumas responsabilidades de adultos. Mas, tudo valeu a pena.
Beijos
Tânia Bueno
www.facesdaleiturataniabueno.blogspot.com.br
Adorei a ideia dessa coluna. Deve ser bem complicado, mas bem divertido também. Adorei o texto! Quero sim uma segunda edição dessa coluna!
ResponderExcluirAté logo,
Sérgio H.
www.decaranasletras.blogspot.com
Oi Dri, tudo bem? Adorei o texto... bem simples e emocionante!! Mesmo com a vida sendo difícil e sofrida para o protagonista e sua família ele consegue ser feliz e valoriza aquilo que tem.
ResponderExcluirAdorei!! ;)
Beijinhos,
Rafa
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaramba, Sálvia está de parabéns, adorei o conto dela e a forma como ela encaixou todas as suas imposições!! E você falou um verdade ela escreve de uma forma que transmite sentimento, e isso é muito bonito e não é encontrado em todas as historias!! Ahh e parabéns pela coluna, a ideia é ótima, espero que tenha uma segunda edição!
ExcluirXo
Re.View
Não conhecia essa coluna, mas achei sensacional. Adorei esse conto da Sálvia. Mostrou criatividade e leveza na condução da trama. O legal é que foram pouquíssimas linhas, mas que contou uma história com começo, meio e fim. Acho que daria um conto bem maior. Quem sabe se a autora não o desenvolve mais, não é?!?!
ResponderExcluir@_Dom_Dom
Oie,
ResponderExcluirAchei o texto bastante criativo e emocionante.
Esse texto nos ensina que mesmo algumas pessoas fazendo bullying, podemos com certeza levantar a cabeça e seguir em frente.
Gostaria de saber como vocês conseguem ser tão criativos assim! Esse conto está ótimo, leve, e emocionante na medida certa. Parabéns a Sálvia!
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