Olá, lindxs,
Tudo bem?! Espero que sim!
Se tem uma personalidade da mídia que eu amo loucamente e morro de vontade de conhecer, esta pessoa é Chico Buarque. Eu tenho uma afeição imensa por ele e adoro suas músicas há um bom tempo. No entanto, apenas nos últimos meses, tive a oportunidade de ler seus livros. E se já me deleitava com uma face musicista e compositora de meu ídolo, eis que agora minha admiração alcança seu lado escritor.
SKOOB |
A partir de um fato real e que concerne à vida dos Buarque, Chico tece uma trama fictícia que transcende as barreiras entre o real e o imaginário; ficção e realidade de mãos dadas para contar uma história capaz de cativar o leitor. Em certos momentos, este se vê perdido no emaranhado de detalhes e informações sobre a existência desse irmão alemão e torna-se impossível distinguir a convergência entre a história familiar e a literatura. Todavia, saliento mais uma vez que apesar de partir de um fato real, a trama se desenvolve no campo da ficção.
Francisco de Hollander, ou apenas Ciccio, é filho de uma família tradicional paulista em meados do século XX. Seu pai, Sergio de Hollander, um amante inenarrável dos livros, é possuidor de um dos maiores acervos privados da cidade. Certo dia, Ciccio toma conhecimento, por acaso, da existência de um filho bastardo, chamado de Sergio Ernst, nascido e criado na Alemanha, fruto de um flerte passageiro de seu pai com uma moça da região, quando este ainda era solteiro.
Apesar disso, o assunto nunca foi segredo assim como nunca foi discutido em sua família e devido a sua relação fria e distante com seu pai, Ciccio não encontrava meios de fazer o assunto ser discutido. Por conta disso, decide por conta própria, averiguar e procurar por pistas que remetessem a essa descoberta na vã tentativa de saber mais sobre esse irmão. Nesse ínterim, passa a coletar pequenas pistas e documentos que comprovem a existência desse irmão e seu paradeiro.
Nessa incessante busca por informações, anos se passam e o Ciccio nunca desiste dessa jornada. Torna-se uma obsessão saber o que houve com seu irmão alemão e o narrador divaga sobre como foi sua vida sem a presença do Sergio Ernst e como poderia ter sido. São ilusões rápidas como o pensamento; hipóteses, delírios e divagações que mal se formam e já se desintegram. O limiar entre o que foi e o que poderia ter sido é bastante explorado pelo autor.
A obra possui um contexto histórico muito efervescente. Ambientado num período marcante da história mundial, Chico Buarque correlaciona os acontecimentos ficcionais com o período entre guerras, o horror do holocausto e a ditadura militar brasileira. Além disso, todas as transformações sociais evidenciadas com a proximidade do século XIX fazem-se presentes. Com uma atmosfera biográfica, O Irmão Alemão se assemelha a um romance histórico embasado, coerente e intrigante.
Chico Buarque é mestre em lidar com as palavras, seja em suas canções ou em seus escritos. Sua voz narrativa é forte, culta e serena. Com diálogos esporádicos, ele abusa do tom confessional e se aproxima do leitor através de seus relatos. Em alguns momentos mostra-se crítico e sagaz, em outros mostra-se maroto e irônico. Um dos maiores autores e ícones da literatura nacional contemporânea.
A Companhia das Letras caprichou na edição de O Irmão Alemão. Alguns documentos reais encontram-se anexos a trama e conferem uma beleza e autenticidade aos relatos do Ciccio. As traduções desses trechos em alemão, permitem que o leitor não perca nenhuma informação do livro. Não encontrei nenhum errinho gramatical e apesar da simplicidade, esta capa é lindíssima!
Eu recomendo a leitura a todos que se permitem deleitar com a leitura de um livro culturalmente clássico. Um livro que apesar de contemporâneo, possui todas as características elogiadas dos grandes marcos de nossa literatura nacional. Um livro histórico, ficcional e que foge aos atuais clichês! Chico Buarque se reinventa com O Irmão Alemão.
AVALIAÇÃO GERAL:
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Oi, Adriano!
ResponderExcluirGosto muito das músicas do Chico (rs), mas nunca li um livro dele.
Bacana a ideia de ter um fato real como "ponto de partida" para algo fictício. Ele parece ter feito mais um ótimo trabalho, assim como a editora. É muito gostoso ter edições enriquecidas com documentos anexados.
"Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota dágua"
Beijos,
Duas Leitoras
Oi, Adri
ResponderExcluirMinha música preferida do Chico Buarque é João e Maria. Aprendi amá-lo com minha avó e não sabia desse talento dele para a escrita. Não gosto muito desta capa; visualmente não é bonita mas achei muito curioso o fato de se relacionar um fato real com o imaginário da literatura e a busca incessante por este vácuo deixado pelo irmão alemão. Aplausos para ele que soube lidar com maestria.
Quero muito ler. Vou comprar
Bela resenha
Beijinhos